terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Uma boa lição


Adoecera um dos irmãos do grupo. Reumatismo complicado e renitente.
Um amigo ensinou a aplicação de uma erva que somente se desenvolve em cavernas do
subsolo.
Chico e José Xavier, tendo por acompanhante um belo cão que lhes pertencia, de nome
Lorde, vão a uma grande lapa, das muitas que existem nas cercanias de Pedro Leopoldo; em
caminho começam a conversar.
Falavam a respeito de certos amigos e comentavam:
— Beltrano não serve.
— Fulano é muito esquisito.
— Sicrano é imprestável.
Quando as críticas iam inflamadas, o Espírito de Dona Maria João de Deus aparece ao
Chico e aconselha:
— Vocês não devem falar mal de ninguém. Todos necessitamos uns dos outros. Julgar
pelas aparências é péssimo hábito. Sempre chega um momento na vida em que precisamos de
amparo de criaturas que supomos desprezíveis.
O médium transmitiu ao irmão quanto ouvira e calaram-se
ambos. Chegaram à caverna e José, segurando Lorde por uma corda, desceu à frente. Depois de
longa busca, encontraram a erva medicinal. Contudo, quando se voltavam para o retorno, perderam
a noção do caminho sob as grandes abóbadas de pedra. De vela acesa, procuraram debalde a saída.
Gritaram, mas receberam o eco da própria voz.
Quando a luz se mostrava quase extinta, recordaram-se
da prece. Oraram.
Dona Maria João de Deus apareceu ao médium e considerou:
— Temos agora a prática do ensinamento a que nos reportamos na estrada. Vocês podem
saber muita coisa, mas agora precisam do cão. Soltem o Lorde e sigam-lhe
os passos. Ele sabe o caminho da volta. Assim fizeram. E acompanhando o animal, venceram o labirinto em alguns minutos. Lá fora, à luz do dia, entreolharam-se surpresos, meditaram na lição recebida e renderam graças a Deus.