sexta-feira, 29 de abril de 2011

Humilde


Alguém houve na Terra que nascido na palha não desesperou da pobreza a que o mundo lhe relegara a existência, transformando o berço apagado em poema inesquecível.

Assinalado por uma estrela em sua primeira hora humana, nunca se lembrou disso em meio das criaturas.

Com a sabedoria dos anjos, falava a linguagem dos homens, entretendo-se à beira de um lago em desconforto, com as criancinhas desamparadas.

Trazendo os tesouros da imortalidade no espírito, vivia sem disputar uma pedra onde repousar a cabeça e dispondo da autoridade maior escolhia servir, ao invés de mandar, levantando os doentes e amparando aos aflitos.

Em permanente contato com o Céu, ninguém lhe ouviu qualquer palavra em torno dessa prerrogativa e podendo deslumbrar o cérebro de seu tempo, preferia buscar o coração dos simples para esculpir na alma do povo as virtudes do amor no apoio recíproco.

Esquecido, não se descurava do dever de auxiliar sempre; insultado, perdoava; traído, socorria aos verdugos, soerguendo-lhes o espírito através da própria humildade.

Golpeado em suas esperanças mais belas, desculpava sem condições a quantos lhe feriam a alma Angélica.

Amparando sem paga, ninguém lhe escutou a mais leve queixa contra os beneficiários sem memória a lhe zurzirem a vida e o nome com as farpas da ingratidão.

Vendido por um dos companheiros que mais amava, recebeu-lhe, sereno, o beijo suspeitoso.

Encarcerado e sentenciado, à morte sem culpa, não recorreu à justiça por amor àqueles que lhe escarravam na face, deixando-se sacrificar com o silêncio da paz e o verbo do perdão.

E ainda mesmo depois do túmulo, ei-lo que volta à Terra estendendo as mãos aos amigos que o mal segregara na deserção, reunindo-os de novo em seus braços de luz.

Esse alguém era humilde.

Esse alguém é Jesus.

Por Emmanuel & Francisco Cândido Xavier; "Abrigo"

domingo, 24 de abril de 2011

Prece de Cáritas

Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.

Deus! Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.

Pai! Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.

Senhor! Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem; esperança àqueles que sofrem. Que a vossa bondade permita sempre aos espíritos consoladores derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.

Deus! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra! Deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão; todas as dores acalmar-se-ão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor.

Como Moisés sobre a montanha nós Vos esperamos com os braços abertos. Oh! Poder... Oh! Bondade... Oh! Beleza... Oh! Perfeição... E queremos de alguma sorte alcançar a Vossa misericórdia.

Deus! Dai-nos a força de ajudar o progresso, a fim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura; dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade, que fará de nossas almas o espelho onde se deve refletir a Vossa imagem.


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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Os Opostos

“... Como continuassem a interrogá-lo, ele se ergueu e lhes disse: Aquele dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire a primeira pedra. Depois, abaixando-se de novo, continuou a escrever sobre a terra...”

“Aquele dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire a primeira pedra”, assim enunciou Jesus Cristo diante da mulher sur­preendida em adultério.

Ele conhecia a intimidade das criaturas humanas e as via como um livro completamente aberto.

Sabia de suas carências e necessidades condizentes com seu grau evolutivo, bem como conhecia todo o mecanismo proveniente de sua “sombra”, quer dizer, a soma de tudo aquilo que elas não desejam ter e ver em si mesmas.

O termo “sombra” foi desenvolvido por Carl Gustav Jung, eminente psiquiatra e psicólogo suíço, para conceituar o somatório dos lados rejeitados da realidade humana, que permanecem inconscientes por não querermos vê-los.

Jesus sabia que todos ali presentes fariam daquela mulher um “bode expiatório” para aliviar suas consciências de culpa, projetando sobre ela seus sentimentos e emoções não aceitos e apedrejando-a sumariamente, conforme as leis da época.

Em conseqüência, todos ali reunidos sentiriam momenta­neamente um alívio ao executá-la, ou mesmo, “livres dos pecados”, pois nela seriam projetados os chamados defeitos repugnantes e desprezíveis, como se dissessem para si mesmos: “não temos nada com isso”.

O Mestre, porém, induziu-os a fazer uma “introspecção”, impulsionando-os para uma viagem interior, indagando: “quem de vós não tem pecados?”

Somos, a todo instante, tentados a encobrir nossas vulnerabilidades ou “pontos fracos” por não aceitarmos ser natural que parte de nós é segura e generosa, enquanto outra duvida e egoísta.

Faz-se necessário admitirmos nossos “pecados” porque somente dessa forma iremos confrontar-nos com nossos “sótãos fechados” e promover nosso amadurecimento espiritual.

Admitindo nossos lados positivo e negativo, em outras pala­vras, nossa “polaridade”, passaremos a observar nossa ambivalência, rejeitando assim as barreiras que nos impedem de ser autênticos. Urge que reconheçamos nossa condição humana de pessoas em processo de desenvolvimento evolucional.

Ao assumirmos, porém, nossos “opostos” como elemen­tos naturais da estrutura humana (egoísmo-desinteresse, domina­ção-submissão, adulação-aversão, ciúme-indiferença, malícia ­ingenuidade, vaidade-desmazelo, apego-apatia), aprendemos a não nos comportar como o pêndulo - ora num extremo, ora no outro.

A balança volta sempre ao ponto de equilíbrio, e é justamente essa a nossa meta de aprendizagem na Terra. Nem avareza, nem esbanjamento, nem preguiça, nem super. entusiasmo, nem tanto lá, nem tanto cá, tudo com “equanimidade”, isto é, dando igual importância aos lados, a fim de acharmos o meio-termo.

As polaridades unidas formam a totalidade, ou a unidade, mesmo porque nossa visão depende de ambas as partes unidas, para que nossas observações e estruturas não sejam claudicantes. Em suma, unir as polaridades em nossa consciência nos torna unos ou seres totais.

Com essa determinação, vamos adquirir um bom nível de permeabilidade e conseguir transcender os limites e interligar nos­sos opostos, atingindo um estado de consciência elevada, o que permitirá que nosso consciente e nosso inconsciente se fundam numa “unidade total”.

As pesquisas da atualidade analisaram as metades do cérebro e chegaram à conclusão de que cada uma tem funções, capacidades e suas respectivas áreas, onde atuam as diferentes responsabilidades da psique humana.

O lado esquerdo cuida da lógica, da linguagem, da leitura, da escrita, dos cálculos, do tempo, do pensamento digital e linear e do lado direito do corpo, entre outras coisas, enquanto que o direi­to se prende às percepções da forma, da sensação do espaço, da intuição, do simbolismo, da atemporidade, da música, do olfato e do lado esquerdo do corpo, entre outras funções.

Usar a totalidade cerebral é ter uma visão real da vida que nos cerca; portanto, com apenas metade do cérebro, teremos a bipartição da verdade, ou melhor, a não-conexão dos opostos.

O Mestre afirmou-nos: “Eu e meu Pai somos um”, (1) que­rendo dizer que Ele era pleno, pois enxergava tudo no Universo como um “todo”, através de sua consciência iluminada e integralizada.

Jesus não agia dividido em “pares opostos “Não pensava e não sentia como homem ou mulher, mas como espírito eterno; não visualizava o interior e exterior, antes observava o Universo e a nós por inteiro, “dentro e fora”, argumentando que o “Reino de Deus” e “as muitas moradas da Casa do Pai” estavam no exterior e, ao mesmo tempo, no interior.

Por isso, não há nada a corrigir ou a consertar em nós, a não ser melhorar a nossa própria forma de ver as coisas, aprendendo a conhecer amplamente as interligações dos opostos, a fim de atingirmos o equilíbrio perfeito.

“Pecado”, em síntese, são as extremidades de nossa polaridade existencial. Daí decorre a afirmação de Jesus de Nazaré aos homens que somente olhavam um dos lados do fato naquele julgamento e que, ao mesmo tempo, escondiam sentimentos e emoções que gostariam que não existissem.

Em suma, a ferramenta vital para interligar os opostos chama-se amor, porque amar é buscar a unificação das pessoas e das coisas, pois ele quer fundir e não dividir, O amor tem que ser absolutamente incondicional porque, enquanto for seletivo e preferencial, não será amor real. Quem ama realmente constitui um “nós”, isto é, “une”, sem anular o próprio eu

O sol emite raios para todas as criaturas e não distribui sua luminosidade segundo o merecimento de cada um. Assim também é o amor do Mestre: não diferencia bons e maus, certos e errados, poderosos e simples, não separa, nem divide, sim­plesmente ama a todos, pelo próprio prazer de amar.

(1) João 10:30.

RENOVANDO ATITUDES

FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO

DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ser Feliz

“... Assim, pois, aqueles que pregam ser a Terra a única morada do homem, e que só nela, e numa só existên­cia, lhe é permitido atingir o mais alto grau das felicidades que a sua natureza comporta, iludem-se e enganam aqueles que os escutam...”

(Capítulo 5, item 20.)

As estradas que nos levam à felicidade fazem parte de um método gradual de crescimento íntimo cuja prática só pode ser exercitada pausadamente, pois a verdadeira fórmula da felicidade é a realização de um constante trabalho interior.

Ser feliz não é uma questão de circunstância, de estarmos sozinhos ou acompanhados pelos outros, porém de uma atitude comportamental em face das tarefas que viemos desempenhar na Terra.

Nosso principal objetivo é progredir espiritualmente e, ao mesmo tempo, tomar consciência de que os momentos felizes ou infelizes de nossa vida são o resultado direto de atitudes distorcidas ou não, vivenciadas ao longo do nosso caminho.

No entanto, por acreditarmos que cabe unicamente a nós a responsabilidade pela felicidade dos outros, acabamos nos esquecendo de nós mesmos. Como conseqüência, não ad­ministramos, não dirigimos e não conduzimos nossos próprios passos. Tomamos como jugo deveres que não são nossos e assumimos compromissos que pertencem ao livre-arbítrio dos outros. O nosso erro começa quando zelamos pelas outras pes­soas e as protegemos, deixando de segurar as rédeas de nossas decisões e de nossos caminhos.

Construímos castelos no ar, sonhamos e sonhamos irrealidades, convertemos em mito a verdade e, por entre ilusões românticas, investimos toda a nossa felicidade em relacionamentos cheios de expectativas coloridas, condenando-nos sempre a decepções crônicas.

Ninguém pode nos fazer felizes ou infelizes, somente nós mesmos é que regemos o nosso destino. Assim sendo, sucessos ou fracassos são subprodutos de nossas atitudes construtivas ou destrutivas.

A destinação do ser humano é ser feliz, pois todos fomos criados para desfrutar a felicidade como efetivo patrimônio e direito natural.

O ser psicológico está fadado a uma realização de plena alegria, mas por enquanto a completa satisfação é de poucos, ou seja, somente daqueles que já descobriram que não é necessário compreender como os outros percebem a vida, mas sim como nós a percebemos, conscientizando-nos de que cada criatura tem uma maneira única de ser feliz. Para sentir as primeiras ondas do gosto de viver, basta aceitar que cada ser humano tem um ponto de vista que é válido, conforme sua idade espiritual.

Para ser feliz, basta entender que a felicidade dos outros étambém a nossa felicidade, porque todos somos filhos de Deus, estamos todos sob a Proteção Divina e formamos um único re­banho, do qual, conforme as afirmações evangélicas, nenhuma ovelha se perderá.

É sempre fácil demais culparmos um cônjuge, um amigo ou uma situação pela insatisfação de nossa alma, porque pensa­mos que, se os outros se comportassem de acordo com nossos planos e objetivos, tudo seria invariavelmente perfeito. Esque­cemos, porém, que o controle absoluto sobre as criaturas não nos é vantajoso e nem mesmo possível. A felicidade dispensa rótulos, e nosso mundo seria mais repleto de momentos agradáveis se olhássemos as pessoas sem limitações preconceituosas, se a nossa forma de pensar ocorresse de modo independente e se avaliássemos cada indivíduo como uma pessoa singular e distinta.

Nossa felicidade baseia-se numa adaptação satisfatória à nossa vida social, familiar, psíquica e espiritual, bem como numa capacidade de ajustamento às diversas situações vivenciais.

Felicidade não é simplesmente a realização de todos os nossos desejos; é antes a noção de que podemos nos satisfazer com nossas reais possibilidades.

Em face de todas essas conjunturas e de outras tantas que não se fizeram objeto de nossas presentes reflexões, considera­mos que o trabalho interior que produz felicidade não é, obvia­mente, meta de uma curta etapa, mas um longo processo que levará muitas existências, através da Eternidade, nas muitas mo­radas da Casa do Pai.

RENOVANDO ATITUDES
FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO

DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED

terça-feira, 12 de abril de 2011

Não se prender a opiniões

É um prazer falar com alguém que não sabe tudo, que tem a mente aberta e vontade de ouvir. Nessa mente há uma presença deliciosa, há receptividade e humildade. O Terceiro Patriarca zen diz o seguinte: “Se você quer conhecer a verdade, basta parar de alimentar opiniões”. No mais antigo dos textos budistas, o Sutta Nipata, o Buda levanta essa questão, terminando com uma bem-humorada cutucada nos que tem opiniões:

Vendo infelicidade em visões e opiniões, sem adotar nenhuma, encontrei paz interior e liberdade. Quem é livre não se agarra a visões nem discute opiniões. Para um sábio, não há superior, inferior nem igual; não há lugares em que a mente possa se fixar. Mas os que se prendem a visões e opiniões andam pelo mundo aborrecendo as pessoas.

Jack Kornfield (EUA, 1945 ~)
“Depois do êxtase, lave a roupa suja”

Por: Samsara