terça-feira, 29 de novembro de 2016

Bem e mal sofrer


Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, o Reino dos Céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma. Alegrai-vos quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, em que, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral.
Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa. Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: “Fui o mais forte.”
Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso.
– Lacordaire. (Havre, 1863.)

Extraído do livro Evangelho Segundo o Espiritismo: Instruções dos Espíritos | Bem e mal sofrer

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O Hoje


Imagine se você tivesse depositado na sua conta de banco todos os dias 86.400,00 que você deveria gastar ao longo do dia, e no final do dia sua conta seria zerada e no dia seguinte mais 86.400,00. Todos nós somos donos desse banco, esse banco chama-se TEMPO. Deus nos dá 86.400 segundos para serem vividos da melhor maneira possível, AMANDO, APRENDENDO, ensinando, caindo, levantando, VIVENDO! E para saber o valor de um ano você pergunta um garoto que repetiu de ano, de um mês, você pergunta a uma mulher que teve um filho prematuro, de uma semana a um editor de um jornal semanal, de um dia há pessoas que tem tarefas árduas para serem feitas nesse dia. Saber o valor de uma hora pergunte aos amantes que esperam pela hora de se encontrar, saber o valor de um minuto, pergunte a quem perdeu um avião, de um segundo quem não conseguiu evitar um acidente de trânsito, para saber o valor de um milésimo de segundo pergunte a um atleta que ganhou medalha de prata nas olimpíadas. Por isso não desperdice seu tempo, pois ele é o seu bem mais precioso, que é com ele que você vai compartilhar com as pessoas que você mais ama, seus pais, seus irmãos, seus amigos e agente só se dá conta quando a gente perde. Pois você tinha tantos beijos pra dar, tantos abraços, tantas coisas a serem ditas, e a gente tem que viver o agora, não adianta a gente pensar que lá no futuro, quantos caminhos você ainda vai percorrer. Pois o ontem é história, o amanhã um mistério e o hoje é uma dádiva! Por isso é que se chama presente! Presente de Deus

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Bons Frutos



80% dos nossos pensamentos se dirigem ao passado e 15% ao futuro.
É agradável ocupar a mente com belas memórias e visões. No entanto ou ficamos presos aos fatos que causaram algum tipo de tristeza ou nos sentimos inseguros diante do futuro. Por que isso aconteceu? O que irá acontecer? Liberte-se desses pensamentos repetitivos. Deixe o passado ser passado. Focalize sua energia no momento presente. Tenha uma atitude positiva agora e bons frutos serão colhidos no futuro."
"Quando nós mudamos o mundo muda"

domingo, 30 de outubro de 2016

A afabilidade e a doçura


A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás. A essa classe também pertencem esses homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento que, fora de casa, se impõem a si mesmos. Não se atrevendo a usar de autoridade para com os estranhos, que os chamariam à ordem, acham que pelo menos devem fazer-se temidos daqueles que lhes não podem resistir. Envaidecem-se de poderem dizer: “Aqui mando e sou obedecido”, sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar: “E sou detestado.”
Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ademais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana. – Lázaro. (Paris, 1861.)

Evangelho Segundo o Espiritismo (Capítulo: IX - Instruções dos Espíritos)

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O Homem de Bem


O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros aquilo que queria que os outros fizessem por ele.
            Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as coisas à sua vontade.
            Tem fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
            Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
            O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.
            Encontra usa satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros., antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.
            É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como irmãos.
            Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema aos que não pensam como ele.
            Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Considera que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.
            Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança. A exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.
            É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: “Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra”.
            Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a pô-los em evidência. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
            Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.
            Não tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus talentos, às expensas dos outros. Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar a vantagens dos outros.
            Não se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.
            Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe tratar-se de um depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial para si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da satisfação de suas paixões.
            Se nas relações sociais, alguns homens se encontram na sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa sua autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua posição subalterna.
            O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente. (Vercap.XVII, nº 9)
            O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.
            Esta não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Relacionamentos Amorosos


Recebemos algumas  solicitações de auxílio para a compreensão dos motivos que os relacionamentos amorosos não estão “dando certo”, ou porque a pessoa está sofrendo a atuação ou ataque de espíritos trevosos ou obsessores.
As pessoas ao fazerem a explanação dos seus problemas, invariavelmente dizem não entender o porque das coisas, e ouvimos coisas do tipo:
· Há cerca de dois anos conheci e comecei a namorar um homem, que se diz apaixonado por mim, embora ainda casado, eu adoooro ele e não tenho problemas pelo fato dele ter família... não sou uma má pessoa, não quero fazer o mal pra ninguém... o que eu fiz pra merecer isto?
· Não consigo entender a implicância da minha mulher para que eu tome um chopp  com meus amigos num barzinho... eu sempre fiz isso... desde minha época de solteiro... por que ela insiste em me mudar???
Como é fácil colocar a "culpa" no outro, não é verdade? Como é fácil ver como “natural”, o que fazemos e como absurdo ou errado o que os outros fazem, não é mesmo?
         E me pergunto: como será que as pessoas que se relacionam com alguém casado se sentiriam se estivessem no lugar do cônjuge traído? Como essas pessoas que saem de casa para “tomar um chopp com os amigos”, abandonando os compromissos assumidos, se sentiriam se o seu parceiro ou parceira fizesse a mesma coisa?
         Sem dúvida, são todas pessoas “boas” que não “fazem mal a ninguém”, que só querem “viver em paz”, mas que também não fazem bem nenhum a ninguém. São apenas egoístas...  e presunçosas. Egoístas pois só pensam em seu próprio prazer e satisfação e presunçosas porque tem opinião demasiado boa e lisonjeira sobre si mesmos, imodestas, vaidosas.
         Será que elas acham que atitudes egoístas, presunçosas, interesseiras, escusas, envolvem apenas a si mesmas? Será que pensam que não atrairão companhias invisíveis que vibrem  na mesma faixa de interesses? Será que pensam que fazerem apenas o que desejam e sentem vontade não magoará ou desrespeitará ninguém?
         Obsessor só se aproxima de nós se houver algum tipo de afinidade. Não fazer o mal a ninguém não é garantia de mantermos espíritos trevosos longe de nós. Não é só ódio, revolta, raiva que atraem obsessor. Indolência, egoísmo, volúpia, desrespeito com o sentimento do próximo também atraem. E essas pessoas ainda perguntam o que fizeram para “merecer isto”. Procuram os terreiros de Umbanda, considerando tudo uma grande injustiça; quando não afirmam categoricamente que a esposa esquecida em casa, ou a mulher do seu amante está fazendo macumba! Como se os terreiros de Umbanda fossem “Tendas de Milagres” e tivessem obrigação de resolver os problemas que elas mesmas criaram.
         Aí ouvem um “sabão” da entidade que foram se consultar e ainda saem dizendo que o terreiro não presta... E coisas do tipo: “Vou lá naquele pai de santo que cobra” X “reais para desmanchar esse feitiço. Pago e me livro disto! Essa lengalenga de” orai e vigiai “não é pra mim pois não estou fazendo nada demais... só quero ter uma vida normal, poxa!”.
         É meu amigo (a)... Que pena que pense assim, pois o tal “pai de santo” vai certamente “resolver” o seu problema, atraindo mais desgraça para sua vida. Mas tudo bem, né? Afinal você só quer que a sua mulher cale a boca ou que o seu amante largue a mulher e família dele, não é mesmo?
         Caso você mude de idéia ou perceba que tudo ao invés de melhorar e se resolver, piorou e queira melhorar-se e tentar aprender a respeitar a importância de um amor na vida de todos nós, o respeito ao próximo, melhorar-se para ser um(a) bom(a) marido/esposa e pai/mãe de família, melhorar-se para poder realmente ser feliz, seja em qualquer aspecto de sua vida, lembre-se daquele terreiro onde uma entidade tentou lhe mostrar isso através daquilo que considerou um “sabão”, mas que na realidade foi apenas um convite para receber um auxílio, para ser uma pessoa melhor, caridosa, atenciosa, amorosa e não egoísta e interesseira. Onde a entidade tentou mostrar a você que embora você fosse o principal causador da sua infelicidade, havia uma chance de tudo melhorar ... haveria  um  preço, é verdade, mas que não era um preço a ser pago em dinheiro, mas sim em empenho pessoal seu, em dedicação e em humildade para reconhecer-se imperfeito.

         Lembre-se... Você foi um dia a um Terreiro de Umbanda, cuja proposta sempre foi e será de nos auxiliar a aprender a sermos humildes e caridosos. Nos amparando nos momentos de dor, mas também nos lembrando constantemente que somente através do respeito, da caridade e do amor conseguiremos ser pessoas melhores e felizes, proporcionando-nos oportunidades únicas de fazermos o bem a quem quer que seja, inclusive aquele(a) que julgamos ser quem está nos “atrapalhando”.

Mãe Iassan - Dirigente do CECP - Site Caboclo Pery 2008

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A lição dos Chuchus...



Dona Maria Pena, que era viúva do Raimundo, irmão do Chico, julgava que este era um
mão aberta. Não era muito crente do dar sem receber. E, certa manhã, em que, sobremodo, sentia a
missão do Médium, que muito estimava, disse-lhe:
— Chico, não acredito muito nas suas teorias de servir, de ajudar, de dar e dar sempre,
sem uma recompensa. Não vejo nada que você recebe em troca do que faz, do que dá, do que
realiza.
— Mas, tudo quanto fazemos com sinceridade e amor no coração, Deus abençoa. E,
sempre que distribuímos, que damos com a direita sem a esquerda ver, fazemos uma boa ação e,
mais cedo ou mais tarde, receberemos a resposta do Pai. Pode crer que quem faz o bem, além de
viver no bem, colhe o bem.
— Então, vamos experimentar. Tenho aqui dois chuchus. Se alguém aqui aparecer, vou
lhos dar e quero ver se, depois, recebo outros dois.
Ainda bem não acabara de falar, quando a vizinha do lado esquerdo, pelo muro, chama:
— Dona Maria, pode me dar ou emprestar uns dois chuchus?
— Pois não, minha amiga, aqui os tem, faça deles um bom guisado.
Daí a instante, sem que pudesse refazerse
da surpresa que tivera, a vizinha do lado
direito, também pelo muro, ofereceu quatro chuchus a D. Maria. Meia hora depois, a vizinha dos
fundos pede a D. Maria uns chuchus e esta a presenteia com os quatro que ganhara. A vizinha da
frente, quase em seguida, sem que soubesse o que acontecia, oferece à cunhada do nosso querido
Médium, oito chuchus.
Por fim, já sentindo a lição e agindo seriamente, D. Maria é visitada por uma amiga de
poucos recursos econômicos. Demorase
um pouco, o tempo bastante para desabafar sua pobreza.
À saída, recebe, com outros mantimentos, os oito chuchus...
E dona Maria diz para o Chico:
— Agora quero ver se ganho dezesseis chuchus, era só o que faltava para completar essa
brincadeira...
Já era tarde.
Estava na hora de regressar ao serviço e Chico partiu, tendo antes enviado à prezada irmã
um sorriso amigo e confiante, como a dizerlhe:
— “Espere e verá”.
Aí pelas dezoito horas, regressou o Chico à casa. Nada havia sucedido com relação aos
chuchus. Dona Maria olhava para o Chico com ar de quem queria dizer: “Ganhei ou não?”
Às vinte horas, todos na sala, juntamente com o Chico, conversam e nem se lembram
mais do caso dos chuchus, quando alguém bate à porta. Dona Maria atende.
Era um senhor idoso, residente na roça. Trazia no seu burrinho uns pequenos presentes
para Dona Maria, em retribuição às refeições que sempre lhe dá, quando vem à cidade. Colocou à
porta um pequeno saco. Dona Maria abreo
nervosa e curiosamente. Estava repleto de chuchus.
Contouos:
sessenta e quatro: Oito vezes mais do que havia, ultimamente, dado...
Era demais.
A graça, em forma de lição, excedia à expectativa, era mais do que esperava. E, daí por
diante, Dona Maria compreendeu que aquele que dá recebe sempre mais.

Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama (1898 1981)


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A Prece - Gibran



"Vós rezais nas vossas aflições e necessidades; pudésseis também rezar na plenitude de vossa alegria e nos dias de abundância.
Pois que é a oração senão a expansão de vosso ser para o éter vivente?
E se constitui conforto exalar vossas trevas no espaço, maior conforto sentireis quando exalardes a aurora de vosso coração.
E se não podeis reter vossas lágrimas quando vossa alma vos chama para orar, ela vos deveria esporear repetidamente, embora chorando, até que aprendêsseis a orar com alegria.
Quando rezais, vos elevais até encontrardes, nas alturas, aqueles que estão orando à mesma hora, e que, fora da oração, talvez nunca encontrásseis.
Portanto, que vossa visita a esse templo invisível não tenha nenhuma outra finalidade senão o êxtase e a doce comunhão.
Pois se penetrardes no templo unicamente para pedir, nada recebereis.
E se nele entrardes para vos curvar, ninguém vos erguerá.
E mesmo se aí fordes para mendigar favores para outros, não sereis atendidos.
Basta-vos entrar no templo invisível.

Não vos posso ensinar a rezar com palavras.
Deus não escuta vossas palavras, exceto quando Ele próprio as pronuncia através de vossos lábios.
E não vos posso ensinar a oração dos mares e das florestas e das montanhas.
Mas vós que nascestes das das montanhas, e das florestas, e dos mares, podeis encontrar suas preces no seu coração.
E se somente escutardes na quietude da noite, ouvi-los-ei dizendo em silêncio:
Deus nosso, que és nosso Eu alado, é Tua vontade em nós que quer.
É Teu desejo em nós que deseja.
É Teu impulso em nós que pode transformar nossas noites, que Te pertencem, em dias que também Te pertencem.
Nada Te podemos pedir, pois Tu conheces nossas necessidades antes mesmo que nasçam em nós.
Tu és nossa necessidade; e dando-nos mais de Ti, Tu  nos dás tudo".

A Prece - Gibran (Lucia Helena Galvão)

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Homossexualismo



HOMOSSEXUALISMO

Nesta hora em que a humanidade se volta para os valores materiais como única fonte de bem-estar, na esperança de obter felicidade, e oportuno examinar um dos instrumentos mais capazes de desvirtuar-se: o sexo.
Sexo e ponte que liga os seres no despertar da consciência individual. E instinto que mais fortemente se manifesta, apos o da auto- conservação.
Muitos não alcançaram ainda o entendimento de que o sexo e uma forca essencialmente libertadora.
Se você detém o controle dessa energia interior, pode ver, no sexo oposto e no seu próprio, seres dotados de uma possibilidade maravilhosa de engrandecimentos, mantenedores e guardiães da vida no planeta.
O homem, com suas características de liderança e firmeza, e capaz de transformar-se no apoio e no estimulo as realizações de suas irmãs, almas femininas que esperam amparo e incentivo para a realização do sonho de projetar-se no panorama da vida como intermediarias e manipuladoras das forcas que se combinam para continuidade da espécie.
Desse contato recíproco, em que cada qual deve dar-se para possuir, surge o jogo de forcas morais capaz de transformar, sublimando, as características individuais.
A mente evoluída dirige o sexo. O sexo não pode dirigir a mente.
Não podemos ser escravos do instinto.
Nas sucessivas encarnações em que o espírito mergulha na matéria densa, vai aos poucos sentindo a possibilidade de aliviar-se do peso da escravidão ao instinto.

MUDANÇA DE SEXO NA REENCARNAÇÃO

A alma guarda a sua individualidade sexual intrínseca, a definir-se na feminilidade e na masculinidade, conforme os característicos passivos ou claramente ativos que lhe sejam próprios.
A sede real do sexo não se acha no veiculo físico, mas sim na entidade espiritual, em sua estrutura complexa. A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, manifestando-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de homem ou de mulher segundo a vida intima, através da qual se mostra com as qualidades espontâneas acentuadamente ativas ou passivas.
A desencarnação libera todos os Espíritos da feição masculina ou feminina que estejam na reencarnação em condição inversiva, atendendo a provação necessária ou a tarefa especifica; portanto, fora do arcabouço físico, a mente exterioriza no veiculo espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis que o constituem.
A identificação pessoal, conserva a ficha individual da ultima existência, ate novo estagio evolutivo. O sexo, na essência e soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser e é natural que o espírito acentuadamente feminino se demore séculos e séculos nas linha evolutivas de mulher e que o espírito marcadamente masculino se detenha por longo tempo na experiência de homem.

MUDANÇA COMO IMPOSIÇÃO REPARADORA

Contudo, em muitas ocasiões, quanto o homem tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal ponto que, inconsciente e desequilibrado, e conduzido pelos agentes da lei divina a renascimento doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo desconforto intimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe, diante de Deus; ocorrendo idêntica situação a mulher criminosa que, depois de arrebatar o homem a devassidão e a delinqüência, cria para si terrível alienação mental.
Admitir, contudo, que toda troca se enquadrasse numa medida reparadora, seria exagerar.
No livro dos Espíritos, questão 201, vemos que o espírito que animou o corpo de um homem pode vir a animar o de uma mulher e vice-versa. E bom lembrar que esse conceito e bem antigo. O Taoísmo admitia o renascimento como a troca de sexos. Os Hebreus, admitam que a troca representa uma forma de punição, fruto do antigo conceito, hoje praticamente abandonado, da inferioridade da mulher perante o homem.
Kardec - questão 202
Ao espírito pouca importa reencarnar como homem ou como mulher, propriamente. Vai depender das provas por que deva passar. Como devem progredir em tudo, cada sexo e cada posição social podem oferecer provas e deveres especiais e novas experiências. Aquele que fosse sempre homem só saberia o que sabem os homens. Essa ponderação toda pessoal não chega ser categórica em termos de opção, encara apenas o aspecto das oportunidades.
Leon Denis em "o Problema do Ser, do Destino e da Dor", diz que a escolha de sexo e também a alma que resolve. Pode variá-la de uma encarnação para outra, por um ato de sua vontade criadora, modificando as condições orgânicas do perispírito.
Certos pensadores admitem que a alteração do sexo e necessária para adquirir virtudes mais especiais, no homem a vontade, a firmeza, a coragem; na mulher a ternura, a paciência, a pureza.
Tal mudança, útil, também e perigosa quanto a ocorrência de conflitos íntimos.
Leon Denis - No Invisível
O corpo fluídico que o homem possui é o transmissor de nossas impressões, sensações e lembrança, anterior à vida atual, impassível à destruição pela morte, e o admirável instrumento que a alma constrói para si, e que aperfeiçoa através dos tempos; e o resultado do seu longo passado. Nele se conservam os instintos, acumulando-se as forca, fixa-se as aquisições de nossas múltiplas existências, os frutos de nossa longa e penosa evolução. O perispírito e o organismo fluídico completo; e ele que, durante a vida terrestre, pelo agrupamento das células, ou no espaço, com o auxilio da forca psíquica que absorve dos médiuns, constitui, sobre um plano determinado, as formas duradouras ou efêmeras da vida. E ele, e não o corpo material, que representa o tipo primordial e persistente da forma humana.

Nós, espíritos encarnados, somos compostos de 3 elementos: o espírito, o perispírito e o corpo carnal. Quando desencarnamos, conservamos nossa personalidade, que então será composta do espírito e do perispírito, e seremos tais quais somos quando encarnados: homens, se tivermos sido homens, e mulheres, se tivermos sido mulheres.
O desenvolvimento se processa em 2 linhas evolutivas: a linha masculina, e a linha feminina, para a manutenção da harmonia do universo.
O espírito, a nossa individualidade, a consciência intima de que somos, de que existimos, e a partícula divina emanada do Criador, individualmente, através de milênios imperscrutáveis. E quando essa chispa, desprendida do Criador, Deus, começa a individualizar-se, a conscientizar-se e, mergulhada na matéria, seguira uma das linhas evolutivas, e jamais a abandonara. E assim caracteriza seu sexo: será feminino se conscientizar-se na linha feminina; e masculino se conscientizar-se na linha masculina. Assim o próprio espírito organiza o seu sexo no seu perispírito em formação, porque a chispa divina, o espírito, puramente espírito, não tem sexo.
Na precessão dos milênios, o espírito alcançará a sublimação, será uma estrela fulgurante ao lado do seu Criador, Deus. Seu perispírito terá uma diafaneidade inconcebível para nos, e as duas linhas se confundirão. Todavia, se um espírito sublimando descer a um planeta material como a Terra para desempenho de uma missão, reencarnara segundo sua linha evolutiva.
O espírito não muda de sexo a seu bel-prazer para reencarnar-se.
Não poderá ser numa encarnação um boxeador brutal, e na seguinte uma mocinha delicada, ou vice-versa. A razão repele isso.

E o homossexualismo ?

Existem pessoas, que se utilizam da união sexual apenas para o prazer, para o gozo físico,. São homens e mulheres de muitas ligações, ou seja, viciados e viciadas sexuais, que procuram variar ao máximo seus parceiros, ou parceiras. Tais pessoas, ao passarem para o plano espiritual pelo desencarne, tornam-se presas de falanges obsessoras, que visam implantar o sexo como lema.
Não lhes descreverei o sofrimento atroz em que mergulham por tempo indeterminado, ate que chegue o dia em que se lhes conceda nova encarnação. Reencarnam-se com deficiências físicas, das quais a principal e o homossexualismo. Amargam então uma existência de humilhações e de solidão.
Depoimento de 2 espíritos, um da linha masculina, e outro da feminina; o da linha masculina, temporariamente envergou um corpo feminino, apresentando o homossexualismo entre mulheres.
"Eu fui lésbica. Dentro do meu corpo de mulher, eu me sentia um homem. Desde pequena, meus pendores foram todos masculinos. Menina, e meus companheiros de peraltagem eram os meninos, tanto que minha mãe repetia constantemente: Não sei a quem me saiu a Laurinha; e peralta como um menino, esta sempre no meio deles; coisa feia. E assim era: em qualquer reunião, fosse qual fosse, raramente me encontrava entre minhas amiguinhas. Porem, nos grupos de rapazes, lá estava eu, não como mulher, mas como homem, que intimamente me parecia ser. Veio-me a menstruação; sofri horrores que se repetiam mês apos mês. Era como se mergulhassem meus órgãos genitais num caldeirão de água fervente. Completei 15 anos. Eu era bonita de rosto, conquanto desgraciosa de corpo. E meus pais chamaram-me em particular, e me aconselharam:
- De agora em diante, evite estar tanto entre os moços; você tem coleguinhas,... por que isso?
- Mas, mamãe, não gosto das conversas delas, de vestidos, de modas, de sapatos, de batons, de penteados, de namoradinhos. Eu, por mim, cortaria meus cabelos como homem, e vestiria calcas. Minha resposta, desgostou-os.
Dei de mudar. Apaixonava-me facilmente por mocinhas, meninotas, mulheres casadas. Deliciava-me freqüentar o vestiário de meu clube; contemplando aqueles corpos nus, lavando-se, esfregando-se, enxugando-se, muitas vezes, com os olhos chispando de luxuria, surpreendia-me exclamando:
Ah, seu fosse homem!
Viciei uma prima; alem do prazer que ela me proporcionava, dava-me a sensação de ser verdadeiramente um homem. Descobriram-me, e passei a ser vigiada. Evitam-me. Papai tratava-me com rispidez. Uma fria solidão envolvia-me. Mesmo assim, casei-me.
Não lhes descreverei o horror do sofrimento intimo que senti em minha noite de núpcias, em minha lua de mel; foi penoso. Meu esposo tinha nos braços e acariciava um corpo de mulher, dentro do qual se escondia o espírito de um homem. E durante as caricias, enlaçada pelos braços vigorosos de meu marido, que me abraçava e me beijava, quantas vezes tive ímpetos de repeli-lo e gritar: Eu também sou um homem! Jamais ele o percebeu; fui-lhe fiel ate o fim.
Nossa união durou 15 anos, não tivemos filhos. Meu marido enviuvou, e contraiu segundas núpcias, desta vez com uma autentica mulher, de corpo e de alma. Desencarnado, compreendi o porque dessa encarnação como mulher; porque eu, um espírito masculino, fora embutido, sem, embutido e o termo certo, num corpo feminino. Por 4 encarnações consecutivas, eu erigira o sexo como o supremo fim de um homem.
A mulher para mim era um objeto, um mero instrumento de prazer, de gozo. Quando uma me saciava, atirava-a para um canto qualquer, e me servia de outra.
Jamais lhe respeitava a dignidade.
Jamais a reconhecera como mãe, esposa, irmã.
E nos intervalos de minhas encarnações, em vez de corrigir-me, freqüentando as escolas correcionais da Espiritualidade, para o que não me faltaram convites, associava-me a hordas maléficas, cujo escopo era implantar o domínio do sexo.
Até que, por ordem superior, encaminharam-me compulsoriamente aos Engenheiros Maternais, que me agrilhoaram a um corpo feminino a fim de que eu aprendesse a valorizar a mulher.
Felizmente tão dolorosa experiência valeu-me. Corrigi-me. Não só aprendi a valorizar a mulher, como a divinizá-la em seu papel de mãe, de esposa, de irmã.
Voltei à minha forma masculina. Trabalho agora no setor de socorro aos náufragos do sexo. Quando soar a hora, tornarei a Terra em corpo de homem normal, e saberei respeitar a mulher no altar sagrado do casamento.
Claro que meu carma não será tranqüilo, e as vicissitudes que por certo virão, em que pese gerar aflições, serão lições valiosas. E ao depararem com homens e mulheres transviados do sexo, compaixão, muita compaixão para com eles.
* x *
Eu fui uma prostituta em 6 encarnações sucessivas.
A primeira foi num navio pirata. Apanharam-me numa razia contra nossa cidadezinha as orlas do Mediterrâneo; com o saque e outros cativos, embarcaram-me em uma caravela.
Eu era jovem e bonita. Um dia o comandante me atraiu para seu camarote. Percebi-lhe as intenções. Eu já tinha meus planos, e antes que ele tomasse a iniciativa, adiantei-me: Saiba que sou uma virgem. Quanto das por minha virgindade?
Dirigiu-se a uma das arcas ao pe do leito, abriu-a; estava cheia de jóias preciosas, produto de pilhagens. Colocou um punhado delas sobre a mesinha a minha frente.
-E pouco, disse-lhe com firmeza.
Mergulhou ambas as mãos na arca, e pô-las sobre as primeiras.
-E o bastante.
Ainda por muitas vezes arranquei-lhe pecas de valor. Logo que o notei farto de mim, entreguei-me aos outros marujos a troco de ouro, que todos possuíam. Desembarquei em porto europeu, rica, e dediquei-me ao meretrício de alto luxo.
Vejo-me agora reencarnada na Franca, na época do 1o. império. Sou dama da Corte. E, para obter honrarias, jóias, luxo, prostitui-me não abertamente, mas entregando-me aos cortesãos que me poderiam ser úteis, que servissem aos meus intentos.
A 3a. encarnação foi em Portugal. Casei-me com um caixeiro modesto em pequena cidade portuguesa. Abandonei-o e transferi-me para Lisboa, onde montei casa de tolerância, desgraçando mocinhas ingênuas, e desencaminhando pais de família.
Em minha 4a, encarnação, ainda em Portugal, não me sujeitando a uma pobreza digna, tão logo me emancipei, comerciei com meu corpo. E por isso minha mãe finou-se de desgosto.
Como cobra venenosa, atraia a mocidade da nobreza, sugando-lhe impiedosamente os haveres e mesmo a honra, em luxuoso prostíbulo no Rio de Janeiro, no tempo do império em minha 5a reencarnação. E no inicio deste século XX, ainda no Rio, aos 14 anos, eu já andava envolvida no meretrício.
De nada me adiantavam os intervalos de minhas reencarnações. Não dava ouvidos a espíritos benévolos que me queriam afastar dessa vida imunda. Endurecida no vicio, filiava-me a grupos de obsessores sexuais, e praticava desatinos vampirescos com encarnados que aceitavam minhas sugestões
Ate que Engenheiros Maternais decidiram aplicar-me a corrigenda cabível. Estudaram minuciosamente meu passado; submeteram-me a rigoroso exame psíquico; e concluíram que só havia um remédio para mim, posto que amargo: reencarnar em corpo masculino, tantas vezes quantas necessárias. A petição seguiu para instancia superior e foi aprovada.
E eu, mulher, espírito essencialmente feminino, reencarnei-me em corpo de homem, no Rio de Janeiro, o 4o. e ultimo filho de um casa da classe media, remediados. Hoje sei dos motivos que teve este casal para receber-me com filho; porem, não vem ao caso mencioná-lo.
Bem cedo começaram meus martírios. Eu adorava brincar com meninas, evitava os meninos. Na escola ouvia os dictérios dos colegas; e ao ir ao quadro-negro dar a lição, a classe caia na risada ante o meu andar feminil. Durante o recreio, escondia-me.
Com a idade, mais se acentuou minha inclinação feminina: parava diante das vitrinas de modas e das de jóias, e extasiava-me admirando os vestidos, os sapatos, as meias, os colares, os brincos, os braceletes, tudo enfim que pertencesse a toalete da mulher. Por vezes, ansiava por dirigir-me a cabeleireira maquilar-me, e a custo me reprimia. Meu pai não me aceitava; meus irmãos detestavam-me e repeliam-me;minha mãe, pobrezinha, era meu único refugio. : consolava-me, acariciava-me, infundia-me animo, abraçava-me.
A solidão embrulhou-me em seu pesado manto.
Certa vez, atraído por um homem, fui com ele ao seu apartamento. O horror, o nojo que isto me causou vocês não podem imaginar. Quis tornar-me seu amante. ; tive dificuldades em livrar-me dele.
Para vocês terem um idéia de meu suplicio de espírito feminino embutido num corpo masculino, faço-lhe uma comparação: Havia outrora um instrumento de tortura, que consistia numa caixa de ferro, mais ou menos no formato de um homem, em cuja porta, do lado de dentro, engastavam-se punhais. O condenado era encaixado nessa caixa, e nela ficava por dias e dias esperando que o carrasco recebesse ordem de fechar a porta, quando era traspassado pelas laminas acerada.
Todavia, raramente o corpo do condenado se amoldava a caixa; e então 4 verdugos o ajustavam a força naquele aparelho no qual, com corpo horrivelmente comprimido, aguardava o fechamento da porta, cessando seu tormento.
O condenado a tortura da mascara era mais feliz do que eu: o sofrimento dele durava poucos dias; o meu durou 68 anos, que se arrastaram como uma eternidade.
Nunca jamais me passou pela cabeça a idéia do suicídio, ou de prostituir-me, nunca, felizmente. Agüentei firme o rojão, como se diz popularmente.
Uma tarde, de volta a casa, um grupinho de estudantes vadios pôs-se a chacotear-me. Para fugir deles, entrei na primeira porta que vi aberta; subi pequena escada, e achei-me num vasto salão;muitas pessoas lá estavam; sentei-me entre elas.
Era a Federação Espírita Brasileira.
Explicaram-me e entendi que o acaso não existe, e o fato de ali entrar e porque por certo encontraria lenitivos. Passei a freqüentar aquela casa, onde conquistei muitos amigos e amigas. Os passes e a água fluídica fizeram-me muito bem, e assim minha solidão foi sua vida. Eu não trabalhava; tive vários empregos, mas na ocasião, meu problema não era tolerado como hoje em dia, (embora seja uma tolerância falsa e aparente), sendo despedido de todos. Quem sempre me socorria e socorreu foi minha mãe, fornecendo-me algum dinheiro.
Meus irmãos casaram-se; meus pais desencarnaram. Envelheci. Vivi penosamente de minguado beneficio que me tocou por herança. Fui morar num telheiro, mal e mal transformado em quarto, no fundo do quintal da casa de um de meus irmãos, com ordem expressa de não me mostrar a visitas fossem quem fossem. Proibiram-me de ter intimidades com meus sobrinhos.
Mais tarde, recolheram-me a um asilo, onde desencarnei. Acordei, não sei depois de quanto tempo, em um quarto hospitalar.
Tão logo mexi-me na cama, acorreu uma enfermeira gentil que me disse:
- Tudo bem, minha irmã, não se impressione.
- Irmã - murmurei arregalando os olhos.
Ela não me respondeu, mas ajeitou-me na coberta, sorrindo.
Hoje estou plenamente integrada em meus predicados femininos. Regenerei-me. Faço parte do Grupo de Socorros das Servas de Maria Madalena, que se dedica ao reerguimento das infelizes que resvalam pelo abismo escuro da prostituição.

Como encarar o homossexualismo ?

Divaldo P. Franco:
A problemática do homossexualismo sempre existiu. Num contexto social em que a demografia mundial seja crescente, e natural que as chamadas minorias de qualquer natureza, apresentem uma atual maior incidência do que no passado.
Quando o espírito mergulha nos fluidos da reencarnação, plasma no corpo as impressões mais fortes da vida anterior, ressurgindo com as aptidões de ordem psicológica ou morfológica, que mais o assinalaram. Um espírito, que na ultima ou nas ultimas encarnações exerceu a feminilidade, ressurge num corpo masculino, em razão de haver ns anteriores encarnações exercido mal a sua sexualidade. O mesmo fenômeno ocorre, quando utilizou mal a masculinidade e retorna em forma feminina com psiquismo masculinizado pela larga vivencia da forma. Agora, aprisionado num corpo com reações diferentes do seu psiquismo, deve santificá-lo. Por outro lado, o espírito, desejando exercer uma neutralidade sexual, pode eleger uma forma que não lhe corresponda a aptidão intima, para que esteja precatado contra as injunções dolorosas de um mundo ora em desgaste moral e emocional.
O importante a considerar, não e em que angulo transita o espírito, mas o seu comportamento moral em qualquer uma dessas colocações.
Não raro, a pessoa que transita em qualquer um dos setores da sexualidade, não convencional, exige liberação da sua necessidade, sob a justificativa de que os heterossexuais possuem os direitos a liberdade de ação, esquecendo-se de que essa liberdade e somente libertinagem.
O exercício de qualquer uma função moral deve ocorrer dentro de padrões éticos de dignidade por parte de quem a vive.
Importante, e o exame de como portar-se, não permitindo que o desejo ardente destrua a vida.
A pretexto de viver e liberar-se, pretende-se uma larga concessão, o que redunda numa inversão de valores.
Liberdade e o direito de agir, de fazer da vida o que se quer, com responsabilidade, sem permissão de a destruir, de fazer o mal.
A homossexualidade e o inicio de uma conjuntura biológica que a ciência devera estudar muito.
Como não e justo ao heterossexual agredir com a sua masculinidade ou feminilidade a ninguém, não será licito ao homossexual ou ao bissexual investir com a sua manifestação sexual contra aqueles que se expressam de outra forma, assim evitando que tombem nas aberrações.
Qualquer pessoa atormentada pelo sexo, não pode esquecer-se da disciplina. Estar diante da água e saber como vai bebê-la;encontrar-se a mesa farta e procurar respeitar o alimento, nutrindo-se com elevação e equilíbrio.

João Rossigalli, Buenos Aires.

Extraído Espirito.org 

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A sabedoria do samurai


Conta-se que, perto de Tóquio, capital do Japão, vivia um grande samurai.
Já muito idoso, ele agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, apareceu por ali um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos. Era famoso por usar a técnica da provocação.
Utilizando-se de suas habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.
Assim que soube da reputação do velho samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama.
Todos os discípulos do samurai se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio.
Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre.
Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu sereno e impassível.
No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
Como o senhor pôde suportar tanta indignidade?
Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe perguntou:
Se alguém chega até você com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente?
Com quem tentou entregá-lo, respondeu o discípulo.
Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre.
Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.
Por essa razão, a sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, se você não o permitir.

* * *
Sempre que alguém tentar tirar você do sério, lembre-se da sábia lição do velho samurai.
Lembre-se, ainda, que seus atos lhe pertencem. Só você é responsável pelo que pensa, sente ou faz.
Só você, e mais ninguém, pode permitir que alguém lhe roube a paz ou perturbe a sua tranquilidade.
Foi por essa razão que Jesus afirmou que só lobos caem em armadilhas para lobos.
Assim, aceitar provocações ou deixar que fiquem com quem nos oferece, é uma decisão que cabe exclusivamente a cada um de nós.
Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita com base em texto de autor desconhecido.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Como superar os limites internos - Curso baseado no livro "A Guerra da Arte" Steven Pressfield





Gostaria de dividir com vocês um Palestra da Profª Lucia Helena Galvão, falando sobre o Livro "A Guerra da Arte" de Steven Pressfield, o vídeo é um pouco grande mas vale muiiito a pena assistir, não só esse vídeo mas outros da profª: Organização do Tempo, Técnicas de Estudo e outros.
Download do Livro: Guerra da Arte

sábado, 30 de julho de 2016

O Eu


O indivíduo, através da reflexão e do auto-encontro, deve preocupar-se com o desvelamento do si, identificando os valores relevantes e os perniciosos. sem conflito, sem escamoteamento, trabalhando aqueles que são perturbadores, de modo a não facultar ao ego doentio o apoio psicológico neles, para esconder-se sob o ressentimento na justificativa de buscar ajuda para a autocompaixão.

Extraído do Livro: O Ser Consciente - Joanna de Angelis

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Separar-se dói, mas também pode ser uma benção

Monja Coen, Primaz Fundadora da Comunidade Zen-Budista de São Paulo, discorre sobre sobre separação, desilusão, desapego e amor neste belíssimo texto feito especialmente para o Casar, descasar, recasar. Desfrute!
Foto: Luís Furquim
“Nem sempre as pessoas com quem iniciamos a travessia são as mesmas com quem chegaremos do outro lado. Mas sempre há alguém por perto. Nunca estamos sós” (Foto: Luís Furquim)
Monja Coen
É possível separar-se de alguém com respeito e com ternura.
É possível um divórcio verdadeiramente amigável.
Mas para isso é preciso que as duas pessoas envolvidas no processo de desfazer um laço de intimidade tenham amadurecido o suficiente para conhecer a si mesmas.
Caminhamos lado a lado com algumas pessoas em alguns momentos da vida.
Minha professora de hatha ioga, Walkiria Leitão, comentou em uma de nossas aulas:
“A vida é como atravessar uma ponte. Nem sempre as pessoas com quem iniciamos a travessia são as mesmas que nos cercam agora ou com quem chegaremos do outro lado. Mas sempre há alguém por perto. Nunca estamos sós.”
O medo da solidão, muitas vezes, faz com que as pessoas suportem o insuportável. Ou se lamentem após uma separação, apegadas até mesmo ao conflito conhecido.
Ainda há mulheres que sofrem violências morais e até mesmo físicas de seus companheiros ou companheiras.
Ainda há homens que sofrem violências morais e até mesmo físicas de suas companheiras ou companheiros.
Como dar limites? Como conhecer esses limites?
Quando os limites são desrespeitados, as dificuldades começam. Dificuldades que podem levar à separação e ao divórcio. Dificuldades que podem levar ao sofrimento filhos e filhas, animais de estimação, amigos, familiares.
Caminhamos lado a lado.
Ou não.
Quando nos afastamos e nos distanciamos, nunca é repentino.
Um processo que, se desenvolvermos a clara percepção da realidade do assim como é, poderemos prever, antecipar e até mesmo alterar o desenvolvimento do processo.
Entretanto, se não conseguirmos antever o que já acontece, se colocarmos lentes fantasiosas sobre a realidade, poderemos nos desiludir e nos sentirmos traídos na confiança mais íntima do ser.
Professor Hermógenes, um dos pioneiros do yoga no Brasil, fala sobre a criação de uma nova religião chamada “desilusionismo”:
Cada vez que temos uma desilusão estamos mais perto da verdade, por isso agradecemos.”
Se você teve uma desilusão é porque não estava em plena atenção. Mas não fique com raiva nem de você nem da outra pessoa.
Nada é fixo. Nada é permanente.
Saber abrir mão, desapegar-se – até da maneira como tem vivido – é abrir novas possibilidades para todos.
Por que sofrer? Por que manter relações estagnadas ou de conflito permanente? Ou como transformar essas relações e dar vida nova ao relacionamento?
Apreciar e compreender a vida em cada instante é uma arte a ser praticada.
Separar-se dói, confunde, mexe com sonhos e estruturas básicas de relacionamentos.
Separação pode ser também uma bênção, uma libertação de uma fantasia, de uma ilusão.
Observe em profundidade.
Será que ainda é possível restaurar o vaso antigo?
No Japão, as peças restauradas são mais valiosas do que as novas. Tem história, emoção, sentimento.
Cuidado com o eu menor.
Cuidado com sentimentos de rancor, raiva, vingança.
Esse sentimentos destroem você, mais do que as outras pessoas.
Desenvolva a mente de sabedoria e de compaixão.
Queira o bem de todos os seres. Isso inclui você.
Cuide-se bem e aprecie a sua vida – assim como é –, renovando-se a cada instante e abrindo portais para o desconhecido, o novo – que pode ser antigo, mas novo a cada instante.
Mantenha viva a chama do amor incondicional e saiba se separar (se assim for) com a mesma ternura e respeito com que se uniu.
Esse o princípio de uma cultura de paz e de não violência ativa.
Que assim seja, para o bem de todos os seres.
Mãos em prece
Monja Coen é a Primaz Fundadora da Comunidade Zen-Budista, com sede em São Paulo, onde promove diferentes atividades, como práticas de meditação, cursos e palestras, além de casamentos e outras cerimonias religiosas; www.monjacoen.com.br. É autora, entre outros, de “Sabedoria da Transformação” (editora Planeta).